No Monte do Carrascal 2 foram escavados dois sepulcros colectivos ímpares, cujo carácter excepcional pedia a utilização de métodos documentais inovadores, capazes de permitir a sua visualização e fruição por todos. A digitalização 3D proporciona essa experiência.
A excepcionalidade dos monumentos funerários colectivos Neo-Calcolíticos tem vindo a ser acentuada em Portugal pelo menos desde meados do séc. XIX. Contudo, as insuficiências documentais próprias daquelas fases seminais da disciplina, que infelizmente se prolongaram e se mantiveram até muito tarde no nosso país, produziram uma imagem muito truncada destes sítios excepcionais.
Caracterizados por uma utilização sepulcral intensa, onde ocorrem ao longo de décadas e mesmo centenas de anos deposições sucessivas de cadáveres e de objectos, que partilham biografias longas e intrincadas, estes sepulcros fornecem uma das melhores pistas para aceder à relação entre o mundo dos mortos e dos vivos no 4º e 3º milénio a.C.
Face ao seu relevo científico e patrimonial e à complexidade que exibem, a exploração deste tipo de registo arqueológico pede (ou melhor exige) um enorme cuidado nas tarefas de documentação. Neste sentido, a Styx e a Dryas optaram por realizar o registo de diferentes fases de escavação com um Laser scanner FARO LS880, dados que ulteriormente foram processados no laboratório de Geomática da Morph.
Este processamento resultou em plantas, alçados e um modelo 3D (nuvem de pontos) que permitem a obtenção de medições com precisão milimétrica.
Foram ainda produzidas várias animações que permitem explorar estes modelos, podendo ser consideradas como um passeio virtual, que permite observar a geometria e as cores do monumentos, com pontos de vista e trajectórias apenas possíveis através da utilização desta tecnologia.