A primeira fase de análise dos dados da escavação dos Hipogeus 1 e 2 e prospecção geofísica da necrópole do Monte do Carrascal 2 está concluída. A leitura arqueológica, arqueotanatológica e geofísica desta necrópole permite reunir um conjunto de dados inéditos que testemunham a complexidade das práticas funerárias que durante o 4º e o 3º milénio foram levada a cabo naquele local.
Os dados agora compilados permitem documentar para o Hipogeu 1 uma sucessão de depósitos osteoarqueológicos, correspondentes seis momentos diferenciáveis de utilização funerária do hipogeu. Aqui pudemos exumar 71 indivíduos nos quais se inserem sub-adultos e adultos de ambos os sexos. O ritmo das deposições ficou bem documentado pelas diversas decapagens arqueológicas realizadas dentro de cada nível, tendo a leitura estratigráfica das deposições facilitado a obtenção de uma perspectiva dinâmica da utilização do sepulcro durante o Calcolítico.
Já no Hipogeu 2 foi possível identificar três depósitos osteoarqueológicos onde, a par de muitos ossos sem contiguidade articular, foi ainda possível identificar 42 indivíduos repartidos pelos três depósitos referidos. Os materiais arqueológicos aí recuperados permitem balizar a sua utilização entre o Neolítico Final e o Calcolítico Pleno, enquanto que a leitura arqueoestratigráfica do monumento permitiu identificar diversos momentos de profunda remodelação do espaço sepulcral.
Quanto aos resultados dos trabalhos de geofísica (métodos de georadar e gradiometria magnética) cumpre destacar a identificação de diversas descontinuidades que deverão corresponder a estruturas enterradas localizadas nas imediações do sítio. Os dados obtidos permitiram identificar áreas onde estão bem definidos alguns alinhamentos e reflectores possivelmente relacionáveis com estruturas enterradas correlacionáveis com as estruturas Pré-Históricas já identificadas no sítio, bem como novas áreas que poderão corresponder a novas estruturas pré-históricas.