Concluiu-se a primeira fase de análise dos dados da escavação dos Tholoi da Horta do João da Moura 1, produziu-se um conjunto de dados inéditos que testemunham de uma complexidade assinalável de práticas mortuárias.
A intervenção do sítio Horta do João da Moura 1 (Ferreira do Alentejo), nas proximidades do complexo arqueológico do Porto Torrão, incidiu em dois sepulcros colectivos de tipoTholos.
O Tholos 1, constituído por corredor e câmara circular, foi construído com recurso a uma parede em alvenaria de xisto ligada através de argila. Durante a intervenção apenas foram escavados alguns dos depósitos que preenchiam a câmara e que se relacionam com a utilização mortuária do local: um conjunto de ossos humanos desarticulados e material arqueológico fragmentado. Puderam isolar-se algumas concentrações de ossos desarticulados e de material arqueológico.
O Tholos 2 foi construído segundo a mesma técnica, mas apresenta uma organização em átrio, corredor e câmara. Apesar da fraca preservação do material ósseo exumaram-se 28 indivíduos em continuidade anatómica. Em alguns dos casos, a estas inumações estavam associados recipientes cerâmicos e fragmentos de utensílios líticos.
A escavação e os estudos levados a cabo evidenciam a diversidade de práticas mortuárias entre os dois sepulcros: enquanto no Tholos 2 são claras as deposições de cadáveres com recipientes cerâmicos associados, já no Tholos 1, a organização espacial do depósito, a ausência de continuidades anatómicas e a fragmentação e padrão de remontagem do material cerâmico e sugerem uma utilização secundária do monumento.
As estruturas arqueológicas, os gestos funerários e os materiais arqueológicos que os depósitos contêm permitem localizar a utilização de ambas as estruturas no Calcolítico Pleno.